A Explanação de Jesus Por Que o Tormento Eterno no Inferno É Justo

Dr. Larson explica como a filosofia moral de Jesus mostra que a doutrina do tormento eterno no inferno é justa.

Texto - Publicação: Janeiro 30, 2019

Áudio - Publicação: Janeiro 30, 2019

Vídeo - Publicação: Janeiro 28, 2018

Autor(es)/Autora(s): Paul Larson

Curtir a Página FC de Facebook:

Olá! Bem-vindo a Fé Crível. Uma das maiores objeções à fé cristã é a doutrina de que Deus vai condenar as pessoas ao inferno por toda a eternidade. Muitas vezes, nós, seres humanos, lutamos para entender como um Deus amoroso pode permitir que os seres humanos causem dores terríveis e sofrimentos uns aos outros na terra, mas a doutrina do inferno torna ainda mais difícil de acreditar que Deus é bondoso. Grande parte da dor e sofrimento na terra acontece quando uma pessoa faz o mal a outra pessoa. Então, alguém pode querer dizer que Deus ainda pode ser bom porque ele está apenas permitindo o mal. Ele supostamente não é a pessoa que está causando o mal de maneira direta. Quer essa linha de pensamento consiga isentar Deus ou não, ela não se aplica ao conceito tradicional de inferno. No inferno, Deus é quem causa a dor e o sofrimento; ele não está apenas permitindo que outras pessoas causem dores e sofrimentos.

Além disso, dores e sofrimentos que sentimos na terra limitam-se apenas a esta curta vida. Mas as dores e sofrimentos no inferno são infinitos. Mesmo se pensássemos em algumas razões pelas quais um Deus amoroso poderia permitir o mal e o sofrimento por um limitado tempo, algumas dessas razões podem não se aplicar a ele quando ele causa dor e sofrimento pela eternidade. Portanto, se o problema da dor e do sofrimento neste mundo é uma grande barreira para acreditar na fé cristã, a doutrina do inferno seria uma barreira ainda maior.

Ora, não podemos passar para o mundo dos mortos neste exato momento e confirmar com nossos próprios olhos que o inferno realmente existe. Então, se o inferno é uma barreira tão grande para acreditar na fé cristã, por que os cristãos acreditam na doutrina? Uma das principais razões pelas quais os cristãos acreditam na doutrina do inferno é porque Jesus a ensinou, e Deus mostrou que aprovou o que ele ensinou por ressuscitar Jesus dentre os mortos. Mas se Jesus ensinou a doutrina do inferno, é possível que ele também tenha explicado por que ele achava que a doutrina do inferno é justa? Eu acho que se analisarmos (sic) o que ele ensinou, poderíamos de fato encontrar, dispersada entre os diferentes ensinamentos que ele deu, uma explicação de por que ele achava que a doutrina do inferno é justa.

A resposta curta para essa pergunta é que Jesus ensinou que merecemos o castigo eterno porque pecamos, mas alguém pode argumentar e dizer que o castigo eterno no inferno é um castigo muito severo para nossos pecados limitados aqui na terra. Como pode ser justo que um ato finito de pecado justificaria uma quantidade infinita de sofrimento no inferno? Como alguém pode imaginar que, se você viveu uma vida aparentemente correta, se nunca cometeu crimes horrendos, se viveu o que muitos chamariam de uma vida normal e boa, que você merece ser enviado para o inferno para sempre? serio?

Num nível superficial, me compadeço com alguém que se sente assim, mas na verdade, Jesus nos dá três princípios de filosofia moral que devem nos levar a olhar para o assunto de maneira diferente. Acho que esses princípios são claramente verdadeiros, se Jesus tinha ensinado os princípios ou não. Eu também acho que esses princípios nos fornecem um argumento de três partes que mostra que um pecado finito na terra pode realmente justificar uma punição eterna. Por tanto, antes de rejeitar a doutrina do inferno como absurda ou ofensiva, vamos dar ouvidos a Jesus e considerar a explicação de Jesus por que a doutrina do eterno tormento no inferno é justa.

Vamos começar pelos três princípios da filosofia moral que Jesus ensinou e também iremos observar cada parte do argumento que corresponde a cada princípio. Depois de estudar os três princípios e as três partes do argumento, analisaremos cada um deles individualmente em detalhes. Aqui estão os princípios e o argumento de três partes de que o inferno é justo:

1. Somos moralmente culpados não apenas pelos pecados que cometemos externamente em nossa vida, mas também pelos pecados que cometeríamos se fôssemos colocados em circunstâncias diferentes. Assim, somos culpados não apenas pelos pecados específicos que cometemos, mas também pelos outros pecados que teríamos cometido se a situação tivesse sido alterada para outra em que nosso coração egoísta e perverso teria escolhido esses pecados.

2. Nós somos completamente justos ou completamente malvados em determinado momento; Não podemos estar comprometidos a fazer o mal numa área e comprometidos a fazer o bem em outras áreas ao mesmo tempo. Assim, nos momentos em que cometemos pecado, não há outro pecado, grave ou terrível, que não teríamos cometido naquele tempo também, se a situação fosse diferente, em que a análise do custo-benefício de nosso coração egocêntrico favorecesse esse pecado. Se somos culpados de todos os pecados que cometeríamos (princípio Nº1), cometer um único pecado nos tornaría culpados de cometer todos os outros pecados (princípio Nº2).

3. O pecado é cego às consequências para os demais. Assim, não há limite para o número de pessoas que teríamos prejudicado ou o dano que teríamos causado nos outros pecados que teríamos cometido e pelos quais somos moralmente culpados. Portanto, não há limite para a punição que merecemos, pois qualquer que seja a punição no inferno, encontraria sua justificação nas pessoas que teríamos prejudicado e/ou o dano que teríamos causado.

Esse é o argumento de por que o tormento eterno no inferno é justo, mas ainda não consideramos em detalhes o que Jesus ensinou e como esse ensinamento justifica as três partes do argumento. Façamos isso agora.

O primeiro princípio da filosofia moral que Jesus ensinou é que um homem é culpado não apenas pelos pecados que cometeu externamente em sua própria vida, mas também pelos pecados que cometeria se fosse colocado em circunstâncias diferentes. É comum pensarmos que somos culpados por um crime apenas quando estamos realmente numa situação na qual cometemos esse crime fisicamente no mundo externo, e assim nossa tendência humana seria pensar que pessoas que cometeram crimes horríveis mereciam punição para tais crimes somente depois que os crimes fossem cometidos no mundo externo.

Mas Jesus não compartilhou da mesma visão, e uma pequena reflexão mostra que Jesus estava claramente certo. Jesus disse que se um homem olha para uma mulher e a cobiça, então ele já cometeu adultério com ela em seu coração (Mateus 5:27-28). Jesus disse que, embora tivesse sido dito no passado para não cometer assassinato, até mesmo um homem que odiava seu irmão em seu coração estaria sujeito ao julgamento (Mateus 5: 21-22). O homem olha para as ações e aparência exterior, mas Deus olha para o coração (1 Sam. 16: 7).

Jesus está aqui reconhecendo uma verdade que deveria ser clara para todos nós. Se eu tiver a oportunidade de roubar um carro, e se a única razão pela qual eu não roubo o carro é porque estou com medo de ser pego, então o compromisso final do meu coração é egoísta e malvado. Eu roubaria o carro por causa do meu compromisso final comigo mesmo sobre o que eu sei ser certo, mas porque os custos de ser pego parecem maiores que os benefícios, essa lealdade egoísta a mim mesmo também me impede de roubar o carro. Em ambos os casos, se eu roubo o carro ou não, minha decisão é uma expressão da mesma má intenção do meu coração de me colocar acima do que eu sei que é certo. Estou comprometido em meu coração a satisfazer meus próprios desejos, mesmo que esses desejos estejam errados. O compromisso interno do meu coração é exatamente o mesmo se eu roubar o carro ou não. Como a culpa moral de um homem é determinada pelo caráter das intenções do seu coração e não por suas circunstâncias externas, isso significa que sou culpado de roubar o carro, desde que haja algumas circunstâncias externas nas quais eu o roubaria. Em outras palavras, desde que o comprometimento interno do meu coração seja para comigo mesmo acima do que eu sei ser certo, então eu sou culpado de roubar o carro.

O mesmo é verdadeiro para outros pecados. O homem que cobiça uma mulher é culpado de cometer adultério com ela porque as intenções e compromissos de seu coração são tais que ele cometeria esse ato se a análise custo-benefício de suas circunstâncias externas mudasse. Os compromissos egoístas de seu coração o levaria a cometer o ato nas circunstâncias adequadas, mas esses mesmos compromissos egoístas o impediria de realizá-lo se achasse que o preço a ser pago fosse muito alto. Uma vez que sua culpa moral é determinada pelas intenções de seu coração e não por suas circunstâncias externas, ele é culpado de adultério, mesmo que nunca realize esse pecado no mundo externo.

Sua vida exterior aparentemente "moral" é um resultado direto de seu coração interiormente egoísta e malvado. É por isso que é muito importante que examinemos o que fizemos ou não fizemos em nossos corações, em vez de simplesmente olharmos para o que fizemos ou não fizemos no mundo externo. Os pecados pelos quais somos culpados são os que teríamos feito se a situação fosse diferente e a análise custo-benefício de um pecado mudasse. Esse é o primeiro princípio da filosofia moral que Jesus ensinou, e isso significa que todos nós realizamos o mal mais do que gostaríamos de admitir.

Ora, você possivelmente admitiria que você é moralmente culpado de algum pecado em particular porque você teria cometido esse pecado se os benefícios fossem maiores que os custos numa situação diferente. "Mas", você poderia dizer, "só porque eu teria cometido aquele pecado, isso não significa que eu teria cometido outros pecados nem que eu teria cometido males realmente terríveis. Sim, talvez os ditadores impiedosos que matam milhões de pessoas mereçam o inferno, mas sem dúvida não sou culpado desses horrendos males só porque posso estar disposto a contar uma pequena mentira ao meu chefe se essa mentira for salvar meu emprego, certo?

Aqui é onde chegamos ao segundo princípio da filosofia moral que Jesus ensinou, e a segunda parte do argumento porque o tormento eterno no inferno é justo: Você é completamente justo ou completamente malvado em qualquer tempo; você não pode se comprometer a fazer o mal numa área e se comprometer a fazer o que é certo em outras áreas ao mesmo tempo. Esse princípio pode ser visto nos ensinamentos de Jesus no modo como ele repetidamente separa a humanidade em apenas dois grupos. Ele se refere aos injustos e justos, aos maus e bons (Mt. 5:45), as ovelhas e os bodes (Mateus 25: 31-46), a casa construída sobre a rocha e a casa construída sobre a areia (Mateus 7: 24-27). o trigo e o joio (Mateus 13: 24-30), peixe bom e peixe ruim (Mateus 13: 47-50), a árvore boa e a árvore má (Mateus). Jesus repetidamente conecta uma dessas classificações ao destino eterno das pessoas. Ele não deixa espaço para um terceiro grupo. Você é justo ou injusto, bom ou mau, reto ou desonesto.

Se considerarmos o assunto mais profundamente, devemos poder ver que Jesus fala assim porque é impossível que o coração seja dividido em sua lealdade. Um homem que tolera um único pecado, por menor que seja, demonstra que a razão pela qual ele não comete grandes pecados não é que ele esteja comprometido em fazer o que é certo. Seu pecado, supostamente pequeno, mostra que ele não tem tal compromisso. Se ele estivesse comprometido em fazer o que é certo porque é certo, então ele sempre faria o que é certo, e não toleraria nenhum pecado, por maior ou menor que fosse o pecado.

Mas quando um homem peca, há algo mais que exige sua maior fidelidade. Isso pode ser uma vida mais saudável. Pode ser sexo, dinheiro, poder, prazer ou fama. Mas seja o que for, será focado em si mesmo. Se é poder, é poder para si mesmo. Se é dinheiro, é dinheiro para si mesmo. Assim, quando um homem peca, a raiz desse pecado é, em última análise, egoísmo, e a pessoa que aceita até mesmo um único pecado, seja ele grande ou pequeno, mostra que ele tem um compromisso maior consigo mesmo do que com o que é correto. Ou, para ser exato, ele mostra que não tem nenhum compromisso com o que é certo, mas está completamente comprometido consigo mesmo.

Foi à luz disso que Jesus disse que se os olhos de um homem fossem um só, isto é, se seus olhos fossem bons, todo o seu corpo estaria cheio de luz, mas se os olhos de um homem fossem maus, então todo o seu corpo estaria cheio de trevas (Mateus 6:22-23).*1* No versículo seguinte, Jesus diz que ninguém pode servir a dois senhores. Ou ele odiará um e amará o outro, ou será dedicado a um e desprezará o outro (Mateus 6:24; Lucas 16:13). O Evangelho de Lucas tem basicamente a mesma declaração, mas então, Jesus afirma que você não pode servir a Deus e ao dinheiro. Claro, ninguém serve ao dinheiro. O dinheiro é apenas a maneira pela qual você pode conseguir as coisas para si mesmo. Assim, no Evangelho de Lucas, Jesus está basicamente dizendo que você não pode servir a Deus e a si mesmo ao mesmo tempo. O egoísmo é incompatível com amar Deus. Também é incompatível com amar os outros.

Assim, Jesus dá apenas duas opções: ou um homem é completamente dedicado ao que é sagrado e correto ou um homem é completamente egoísta. Não há meio termo, nem combinação de egoísmo e justiça. Isso explica por que Jesus frequentemente separa a humanidade em apenas dois grupos de pessoas.

É também por isso que eu concluo que, quando cometemos um pecado, não há outro pecado, por maior ou pior que seja, que também não cometeríamos se a situação fosse diferente. E se cometer um pecado significa que cometeríamos todos os outros pecados se fôssemos colocados nas circunstâncias adequadas, então cometer um pecado significa que seríamos culpados por todos esses outros pecados de acordo com o primeiro princípio da filosofia moral que Jesus ensinou e que examinei anteriormente.

Deixe-me tentar explicar essa conclusão de uma maneira diferente. Se nosso coração é completamente egoísta ou completamente justo num determinado momento, e se a própria essência de nossa escolha de cometer um pecado está nos tornando o maior e único comprometimento acima do que sabemos ser certo, então para qualquer outro pecado em particular, a razão pela qual não cometemos esse outro pecado não é porque estamos comprometidos a fazer o que é certo. Já rejeitamos tal compromisso com o que é certo ao escolher nos tornar o nosso mais alto comprometimento.

Portanto, a razão pela qual não cometemos algum outro pecado é que, ou não temos a oportunidade de realizá-lo, ou os custos não são maiores que os benefícios. Mas já vimos que não ter a oportunidade de cometer um pecado não nos torna inocentes desse pecado, já que de acordo com o primeiro princípio da filosofia moral, somos moralmente culpados pelos pecados que cometeríamos se fôssemos colocados nas circunstâncias adequadas. O mesmo é verdadeiro se tivermos a oportunidade de fazer o ato pecaminoso, mas se escolhermos não cometer esse pecado porque os custos de realizar tal ato estão maiores que os benefícios. Nesse caso, as intenções egoístas de nossos corações ainda estão dispostas a cometer o ato, e só precisaríamos ser colocados numa situação diferente na qual os benefícios sejam maiores que os custos. Nesse ponto, nosso egoísmo garantiria que escolheríamos esse pecado.

Em resumo, se formos culpados pelo que faríamos se fôssemos colocados em circunstâncias diferentes, então, quando cometemos um pecado em particular, somos também culpados de todos os outros pecados, incluindo pecados horríveis. Isso significa que quando cometemos um pecado, somos tão culpados quanto os ditadores e loucos que cometeram terríveis atrocidades no passado. Ora, reconheço que esta conclusão pode não parecer correta no primeiro instante, mas segue logicamente esses dois princípios de filosofia moral que Jesus ensinou, e esses principios são verdadeiros. Quando cometemos um pecado, seja pequeno ou grande, no momento do pecado, somos tão culpados quanto Hitler, Stalin ou qualquer tirano que você queira nomear.

Isto é basicamente o que Tiago, o irmão de Jesus, disse quando ele mencionou que aquele que tropeça na lei moral de Deus e quebra num ponto é culpado de quebrar todos os demais (Tiago 2:10). Agora, Tiago não é Jesus, mas Tiago era o irmão dele. Como seu irmão, Tiago O conheceu pessoalmente provavelmente por décadas e tinha muito mais conhecimento dos pensamentos dele do que temos nós. Ele também era líder da igreja de Jerusalém e tinha acesso àqueles que viajaram com Jesus durante os anos de seu ministério. Se Tiago diz que quebrar a lei de Deus num ponto torna uma pessoa culpada de quebrar todos os demais, então isso é evidência para apoiar a afirmação de que Jesus pensava a mesma coisa.

Se você achar difícil acreditar que um pecado aparentemente pequeno o torna moralmente culpado por todos os piores crimes que a humanidade já cometeu, ou se você ridicularizar ou se ofender com a alegação de que você iria infligir tremendo mal e sofrimento aos demais, pense comigo por um momento sobre as pessoas que teriam pensado a mesma coisa antes de enfrentar situações de grande mal. A história está repleta de exemplos de pessoas supostamente íntegras que também teriam se ofendido com a alegação de que cometeriam males horrendos. Mas você sabe? Suas situações mudaram. Os benefícios egoístas de fazer o que é certo foram retirados. Eles teriam pago um grande preço por se recusarem a fazer o que é errado. Nessa nova situação, reconhecendo que os custos de fazer o que é certo agora superam os benefícios, eles na verdade fizeram terríveis coisas.

A Alemanha, por exemplo, tinha muitos cidadãos de bem e cultos antes da ascensão de Hitler, e se você tivesse perguntado se eles cometeriam crimes horrendos com seus semelhantes, eles provavelmente teriam ridicularizado a ideia e ficariam até mesmo ofendidos com isso. Mas isso é de fato o que aconteceu. Hitler chegou ao poder, e os próprios cidadãos alemães enfrentaram uma situação diferente na qual seriam punidos ou mortos por se recusarem a aceitar as atrocidades cometidas pelo regime de Hitler. Fazer o que era certo teria custado a vida deles ou a perda do que lhes era de mais importante, e assim cometiam males horrendos porque eram egoístas.

A mesma dinâmica acontece em outros tempos de genocídio na história humana em que aqueles com armas ou poder dizem aos outros que eles devem matar ou morrer, ou devem causar algum grande mal ou pagar um alto preço. Aqui a gente poderia achar um número de exemplos. Em outra área, cidadãos anteriormente respeitados foram puxados para o tráfico de drogas ou a prostituição quando as ameaças de um cartel de drogas ou gangue tornaram fazer o que é certo algo custoso. Num nível menos sério, quantos funcionários mentem os números ou distorcem a verdade, porque um chefe dominador os castigará se não o fizerem, ou porque iriam perder um aumento se dissessem a verdade?

Todos estes são exemplos em que o que sabemos ser certo é sacrificado porque o preço a ser pago se torna maior que os benefícios. Esses exemplos fazem um ponto. Se pudermos ser comprados por algum preço, por mais alto que seja esse preço, então somos egoístas. Faríamos terríveis males; a única coisa é que os custos de não fazê-lo ainda não tenham sido altos o suficiente. Minha pergunta para você é a seguinte: você tem um preço pelo qual escolheria fazer terríveis males?

Faça uma pausa antes de ignorar a pergunta com um simples "não". Suponha que um governo cruel, os militares ou uma gangue lhe diga para fazer algum ato terrível. Suponha que, se você recusar, eles sujeitarão você a tortura e miséria pelo resto de sua vida antes de finalmente matá-lo. Você pode realmente dizer que não cederia e concordaria em fazer o terrível mal que o governo, gangue ou militares querem que você faça? A única esperança que eu tenho para mim ou para você em tal situação é que amaríamos algo ou alguém fora deste mundo mais do que amamos tudo o que este mundo tem a oferecer, algo ou alguém que nenhum governo ou malfeitor possa tirar de nós. Eu sei de apenas uma pessoa ou uma coisa além deste mundo que é capaz de me fazer amá-lo mais do que tudo que eu poderia perder neste mundo.

Esse é o meu salvador Jesus Cristo, que entrou neste mundo para morrer pelos meus pecados para que eu pudesse viver com ele por toda a eternidade com um corpo ressuscitado e perfeito que nenhuma pessoa ou governo impiedoso pode tocar. Que amor você tem por algo além deste mundo que o impediria de cometer um terrível mal se alguma força militar, governo ou gangue ameaçasse tirar tudo o que você ama nesta vida? Se esse amor não é Jesus Cristo, eu não vejo nenhuma outra coisa ou pessoa fora deste mundo que possa atrair tanto as afeições do seu coração que isso impediria você de ter um preço pelo qual você cometeria coisas terríveis. Em resumo, você e eu, nós precisamos de Jesus Cristo.

Até este ponto, usei os ensinamentos que Jesus deu para mostrar que somos moralmente culpados tanto pelos pecados que cometemos no mundo externo quanto pelos pecados que cometeríamos se fôssemos colocados em circunstâncias diferentes. Eu também argumentei sobre o ensinamento de Jesus que ao cometer um único pecado nos torna culpados por todos os outros pecados. Mas mesmo se você estivesse convencido desses dois pontos, talvez ainda não esteja convencido de que todos esses pecados merecem punição eterna. Sim, seríamos culpados por um grande número de pecados, mas ainda temos apenas uma vida finita. Como os pecados de uma vida finita poderiam merecer uma punição infinita?

Isso nos leva ao terceiro princípio da filosofia moral que Jesus ensinou: O pecado é cego às consequências para os demais. Suponha que um homem causasse grande sofrimento a apenas uma pessoa, a fim de obter dinheiro, sexo ou poder, ou alguma outra coisa que deseja. O que o impediria de prejudicar duas pessoas para conseguir a mesma coisa? ou duas mil? ou dois trilhões? Ele deixaria de prejudicar dois trilhões de pessoas porque se preocupa em fazer o que é certo? Não. Não pode ser assim, porque sua decisão de causar grande dor e mal a uma pessoa já mostra que ele não tem compromisso de fazer o que é certo. Ele está comprometido com ele mesmo. Ele é egoísta, e esse egoísmo, ao se concentrar em si mesmo, é cego para os demais que prejudique, cego às consequências para os demais e tem seu mais alto compromisso consigo mesmo acima do bem-estar de todos os outros.

Jesus reconheceu esta cegueira do pecado às consequências para os outros no Evangelho de Lucas (16:10). Lá, ele diz: "Quem pode ser confiado com muito pouco também pode ser confiado com muito, e quem é desonesto com muito pouco também será desonesto com muito." Seu ponto é que uma pessoa que está disposta a fazer algum mal ainda estará disposta a fazer o mal mesmo que o dano causado aos outros seja intensificado ou aumentado. O mesmo é verdadeiro para alguém que está comprometido em fazer o que é certo. Se os benefícios egoístas de fazer o mal aumentarem, o homem justo ainda fará o que é certo, porque seu maior compromisso é fazer o que é certo, a qualquer custo. O coração humano não muda de caráter se os riscos são elevados, e o egoísmo não é abandonado quando as consequências negativas para os outros são multiplicadas.

Este princípio da filosofia moral é diretamente relevante para a questão de saber se uma pessoa com uma vida finita na terra pode merecer punição eterna, e até mesmo relevante para a doutrina cristã tradicional de que apenas um pecado merece punição eterna. Se é verdade que o homem que prejudica uma pessoa prejudicaria outras incontáveis, que um homem que é desonesto com pouco seria desonesto com muito, porque seu pecado é cego às consequências para os demais, isso deve deixar claro que a doutrina cristã do inferno é justa.

Suponhamos que merecemos apenas um dia de punição por cada pessoa que teríamos prejudicado. Pode ser um minuto ou apenas um segundo; esses pequenos períodos de tempo de punição não mudariam significativamente meu ponto. Mereceríamos um dia de punição? Sim, porque pecamos contra uma pessoa. Mereceríamos mil dias de punição? Sim, porque ainda teríamos cometido o mesmo pecado mesmo se prejudicasse mil pessoas, e somos moralmente culpados pelos pecados que cometeríamos se fôssemos colocados numa situação diferente na qual nosso pecado afetaria mil pessoas. De fato, qualquer número que você possa propor para o número de pessoas que prejudicaríamos, ainda assim teríamos ferido esse número de pessoas por causa da cegueira de nosso pecado às consequências para os demais, quando a natureza de pecado é focar na própria pessoa e ignorar os outros.

Isso é relevante porque o sofrimento que se experimenta no inferno sempre será uma quantidade finita de sofrimento. A objeção de que um inferno infinito é uma punição injusta por um ato finito é baseada num equívoco da palavra "infinito", porque mesmo o sofrimento do inferno, embora nunca termine, será sempre uma quantidade finita e uma duração finita. Já que a experiência no inferno de uma pessoa teve um começo no passado, o sofrimento no inferno por essa pessoa nunca terá uma duração infinitamente real.

Em vez de uma secção de comentários, Dr. Larson aceita e encoraja cartas ao editor. Se você quiser escrever uma carta ao editor, pode fazê-lo aqui.